Intervenções do Presidente do CAE da REVIVER MAIS


Luís Miguel Baptista 


Cerimónia de Abertura

Há 50 anos, em diferentes pontos da área serrana que nos envolve, os bombeiros do concelho de Sintra, em particular, e do distrito de Lisboa, em geral, sem esquecer, também, os das cidades de Leiria, Caldas da Rainha e Elvas, foram submetidos a uma autêntica prova de esforço.

Neste momento, a escassos metros do edifício do antigo quartel-sede dos Bombeiros Voluntários de Sintra, actual Museu das Notícias, local onde funcionou o quartel-general de combate e alerta, prestamos justa e pedagógica homenagem ao avultado número de combatentes - bombeiros e militares, dotados de inquebrantável coragem e abnegação - que então foram mobilizados para travar uma das mais tenebrosas e exigentes lutas contra o fogo que Portugal conheceu até hoje.

Alguns dos que aqui estiveram em 1966, estão hoje aqui connosco. Passados 50 anos responderam, de novo, à chamada, demonstrando que o espírito de bombeiro não se esfumou ao longo de meio século. De resto, ele está bem patente na galhardia com que envergam as suas fardas e as nobres insígnias de bombeiros do Quadro de Honra.

A Associação dos Operacionais e Dirigentes dos Bombeiros Portugueses, instituição particular de solidariedade social, também investida da responsabilidade moral e estatutária de preservar a memória colectiva e, desse modo, a identidade dos bombeiros portugueses, congratula-se e sente-se honrada com a presença de todos quantos quiseram associar-se a esta iniciativa, levada a cabo em parceria com a Câmara Municipal de Sintra.

Sintra tem nobres costumes e tradições no âmbito da actividade dos bombeiros portugueses, desde tempos longínquos. Sintra soube sempre afirmar-se no todo nacional dos Bombeiros, mercê da meritória acção desempenhada por destacados operacionais e dirigentes. Sintra está, aliás, intimamente ligada à nossa Associação, contando esta, entre os seus fundadores, dirigentes e sócios, com vários nomes do associativismo e do voluntariado dos Bombeiros do concelho de Sintra. A este propósito, congratulamo-nos com a recente decisão tomada pelo executivo camarário que visa a atribuição dos nomes de duas saudosas personalidades do dirigismo dos Bombeiros do concelho de Sintra, do distrito de Lisboa e de Portugal a outras tantas artérias, em freguesias da área do munícipio: Salvador da Luz, dos Bombeiros Voluntários de Queluz; e João de Magalhães e Sousa, dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém, à data do seu falecimento, Vice-Presidente do Conselho Fiscal da Associação REVIVER MAIS.

Sintra - é imperioso que se diga - tem também nobres costumes e tradições, para além de muito pioneirismo, no que respeita ao apoio dispensado aos Bombeiros, por parte da respectiva Câmara Municipal, facto transversal a todos os executivos camarários. Sei, por experiência própria, pois muito me orgulho de as minhas raízes nos Bombeiros se encontrarem fixadas numa das nove prestigiadas e prestimosas Associações Humanitárias de Bombeiros Voluntários do concelho de Sintra.

As responsabilidades que hoje se colocam aos bombeiros e aos seus responsáveis são, como é consabido, cada vez mais complexas, fruto do aumento exponencial dos factores de risco e do número de solicitações, o que obriga a que, permanentemente, se faça um esforço suplementar tendente à manutenção e reforço da operacionalidade dos Corpos de Bombeiros, nomeadamente, ao nível da renovação de viaturas e da garantia de resposta eficaz na primeira intervenção. Sabemos que estas são também preocupações da Câmara Municipal de Sintra. Estamos crentes de que os seus responsáveis estão bem identificados com as necessidades e os anseios dos Bombeiros do concelho de Sintra. Estamos igualmente crentes de que diligenciam as melhores soluções, em nome da ampliada eficácia dos principais agentes da Protecção Civil Municipal, privilegiando o diálogo com as Direcções e os Comandos, travando - tal como nós, bombeiros - a luta aliciante e promissora de vencer o repto da sociedade moderna.

Temo-lo dito e continuamos a dizê-lo: o Poder Local, consubstanciado nas Câmaras Municipais e nas Juntas de Freguesia, constitui um pilar insubstituível no apoio ao financiamento das Associações de Bombeiros. São, sem dúvida, no nosso país, as Câmaras Municipais e as Juntas de Freguesia, pela sua relação de proximidade, as entidades mais sensíveis e também mais disponíveis para darem resposta imediata às necessidades mais prementes destas instituições. Apoiar os Bombeiros é, a nosso ver, um acto de elevação. "Se um dia os Bombeiros fechassem as suas portas, Portugal jamais dormiria." Há vários anos que esta é uma assertiva afirmação do Padre Vítor Melícias, Presidente Honorário da nossa Confederação Nacional. Mas estamos igualmente convictos de que, sem os seus Bombeiros, tal como eles são na sua especificidade em todo o mundo, Portugal seria, decerto, socialmente mais pobre.


Minhas Senhoras e Meus Senhores, Bombeiros:

Neste momento de homenagem ao nosso glorioso passado, perfilamo-nos como construtores da nossa história futura, exaltando os valores do Bombeiro Português, filho de um povo generoso, leal, fraterno e solidário.

Foi a conjugação desses valores que permitiu, em 1966, a defesa da Serra de Sintra, património natural e cultural de insofismável valor.

É através da conjugação desses mesmos valores, para além da articulação de forças entre a Câmara Municipal, os Bombeiros e os Militares, no contexto da Protecção Civil, que é possível, na actualidade e há vários anos a esta parte, ver atingido o sucesso do plano de defesa da floresta, o que contrasta, fortemente, com a realidade de há 50 anos.

Nestas matérias irão focalizar-se, daqui a pouco, os dois conferencistas desta tarde: o Sr. Tenente-Coronel França de Sousa, e o Sr. Eng.º Jorge Jacinto, sob a moderação do Sr. Comandante António Carvalho, Presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Lisboa, cuja presença também muito nos honra e a quem estamos gratos pela disponibilidade e colaboração manifestadas. A sua presença, Sr. Presidente, prezado amigo e meu companheiro nos órgãos sociais da "nossa" Federação, constitui um precioso estímulo e nela vemos simbolizada a presença das 56 Associações/Corpos de Bombeiros do distrito, cuja acção foi determinante no combate ao grande incêndio na Serra de Sintra, sendo por isso merecedora do nosso louvor e da nossa homenagem. Palavras que tornamos extensivas aos Sapadores Bombeiros de Lisboa, não esquecendo que o então Batalhão mobilizou praticamente todos os seus meios para debelar o incêndio.

Três saudações se impõem, ainda, neste momento:

Saudamos os Comandantes França de Sousa, dos BV Lisbonenses, José Alberto Caetano, dos BV de Almoçageme, e Cristiano Santos, dos BV de Loures (estes dois últimos infelizmente impossibilitados de estarem presentes como seria nosso desejo). Três notáveis mestres na arte de comandar, os quais formam a única representação de comandantes vivos que orientaram as operações de combate, na serra de Sintra, entre 6 e 12 de Setembro de 1966. 

Saudamos os bombeiros do Quadro de Honra, Crachás de Ouro e Fénix de Honra da Liga dos Portugueses, verdadeiros símbolos e sentinelas dos mais profundos valores do associativismo e voluntariado dos bombeiros portugueses.

Saudamos todos os quadros de comando, bombeiros e dirigentes associativos aqui presentes, enquanto fiéis depositários do honroso património histórico que aqui exaltamos.

Termino, formulando um voto, parafraseando o saudoso 2.º Comandante dos Bombeiros Voluntários de Colares, António Caruna, figura proeminente da nossa Causa, que, em 1986, quando da passagem dos 20 anos sobre a deflagração do incêndio, em nome da Liga dos Bombeiros Portugueses: redigiu:

"Que cada um dos cidadãos da nossa terra saiba respeitar a memória dos que tombaram para sempre e considere a floresta um bem social que a todos pertence."

Parafraseando, ainda, António Caruna, clamemos: "1966, nunca mais!" 



Cerimónia de Encerramento

As minhas palavras nesta cerimónia de encerramento da Conferência Evocativa dos 50 Anos do Grande Incêndio na Serra de Sintra são de congratulação, pelos efeitos deste evento; e de renovado agradecimento a todos quantos o tornaram possível, sem esquecer, naturalmente, as entidades que aqui nos deram a honra da sua representação, o que denota a postura atenta, activa e também afectuosa como agem institucionalmente.

Os Bombeiros são no nosso país uma expressão da sociedade civil livremente organizada. Por isso, melhor local não podia ter sido escolhido para acolher esta Conferência senão o Palácio Valenças, autêntica sala de visitas de Sintra, sede da Assembleia Municipal de Sintra, sede dos eleitos pelas populações.

Oferece-me, pois, saudar especialmente, neste momento, a Assembleia Municipal de Sintra, na pessoa do seu Presidente, prezado amigo Dr. Domingos Quintas, ele que é também um dos nossos. Ex-Dirigente dos Bombeiros, quer a nível associativo, quer na Escola Nacional de Bombeiros, que sente e vive a Causa tal como nós, de resto, conforme demonstra a sua presença, hoje e aqui, e sempre em tudo o que diga respeito aos Bombeiros do concelho de Sintra.

Homem respeitado e respeitador e por isso aceite consensualmente por todos e em todas as ocasiões, tem contribuído, sem sombra de dúvida, muito e discretamente, para benefício dos Bombeiros deste concelho. Aliás, isso é sobejamente reconhecido por várias instâncias.

Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Sintra, saudomo-lo pela sua postura, o que o dignifica pessoalmente mas também, e acima de tudo, muito dignifica e prestigia as suas relevantes funções. É bom saber que podemos contar consigo. Bem-haja, portanto!


Minhas Senhoras e Meus Senhores:

No seu actual processo de revitalização e expansão social, entendeu a REVIVER MAIS levar a efeito um concurso para a elaboração de um cartaz promocional da instituição, tendo como destinatários os elementos das Associações e Corpos de Bombeiros do país, abrangendo o Continente e as Regiões Autónomas.

Entendemos, também, entretanto, que este seria o momento adequado e mais digno para distinguir o trabalho vencedor, razão pela qual foi consagrado, no programa da Conferência, o acto de entrega simbólica do correspondente prémio.

O Júri do Concurso, constituído pelo Secretário do Conselho de Administração Executivo da REVIVER MAIS, José Manuel Neto, pelo Dr. António Vala, Especialista em Marketing, e por São Passos, Artista Plástica, decidiu distinguir, como vencedor do referido Concurso, o trabalho da autoria do Bombeiro Paulo Alfredo de Almeida Simão.

Para a entrega da placa e do diploma respeitantes ao prémio pecuniário de 1000 euros, convido o Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Sintra, Dr. Domingos Quintas.

Resta-me reiterar, em nome da Associação dos Operacionais e Dirigentes dos Bombeiros Portugueses, a expressão sincera dos nossos agradecimentos e o preito da nossa homenagem a todos quantos, em 1966, bombeiros e militares, na luta contra ao fogo, deixaram gravado a letras de ouro, o abnegado sentimento de fraternidade de um país, pequeno nos limites das suas fronteiras, mas muito grande na alma e na imprescindível cadeia de solidariedade humana.

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