Um pouco de História... por quem a tem sentido e vivido

Preservar a memória histórica é também um dos propósitos da REVIVER MAIS. Nesta conformidade, transcrevemos, na íntegra, o discurso proferido pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Sintra, F. Hermínio Santos (Coordenador da obra em dois volumes "Bombeiros Portugueses. Seis Séculos de História, 1395-1995"), quando da sessão solene do 126.º aniversário da instituição, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Fotos: Presidência da República


126.º ANIVERSÁRIO DA ASSOCIAÇÃO HUMANITÁRIA 
DE BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SINTRA


Senhor Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa.

Na pessoa de Vossa Excelência cumprimento todos os membros da mesa.

Bombeiros e Bombeiras

Minhas Senhoras e Meus Senhores


É para nós, sócios e bombeiros, motivo de grande regozijo receber Vossa Excelência nesta casa que comemora 126 anos de existência. Bem haja por estar entre nós.

Penso que ao longo destes 126 anos temos correspondido às expectativas que a população abrangida pela Associação deposita em nós.

Deve-se a D. João I a criação, em Lisboa, do que consideramos ser o primeiro corpo de bombeiros. Por Carta Régia de 25 de Agosto de 1395, determinou o Rei que:

«Se algum fogo levantasse, o que Deus não queira, todos os carpenteiros e calafates venham aquele lugar, cada um com o seu machado, para atalhar o dito fogo;

E que todas as molheres que ao dito fogo acodirem, tragam cada uma seu cantaro ou pote para carretar auga para apagar o dito fogo;

E porque muitos acodem e vêm ao fogo para roubar, os cem correctores que há na cidade se desloquem com suas armas para o local para prevenirem que se não faça roubo.»

Importa recordar que o Paço de Sintra, o então denominado «Real Passo de Queluz» e o Palácio do Ramalhão estavam equipados, em finais do séc. XVIII com, pelo menos, uma bomba de tracção braçal, concebidas por Mateus António da Costa, Inspector dos Incêndios e Chafarizes de Lisboa. 

Permitam-me recordar também que, conforme o jornal Correio de Cintra, de 6 de Setembro de 1896, Sua Majestade a Rainha D. Amélia dirigiu ao comandante João Cunha, (e cito) «um ofício sobremaneira honroso para a corporação, agradecendo os serviços prestados na extinção do incêndio, que ultimamente se desenvolveu na matta da Serra, ameaçando a magnífica propriedade da Pena».

É certamente o primeiro documento escrito que a Associação recebeu de reconhecimento por serviços prestados com o precário material de que estava dotado, mas com um corpo de bombeiros que não se poupava a esforços.

Em 1890 foram criadas no concelho as duas primeiras associações - Colares e Sintra. Seguiram-se as já centenárias associações de Almoçageme e S. Pedro de Sintra. Estão a caminho do centenário as Associações de Queluz, Belas e Agualva-Cacém. Após ter sido extinta a corporação de Albarraque foi fundada a de Algueirão-Mem Martins e, finalmente, em 1983, a de Montelavar.

Lendo as actas da Câmara Municipal de Sintra constata-se que a edilidade teve sempre um especial carinho para com os seus bombeiros. Os apoios financeiros antes de 1974 não eram significativos dada a exiguidade das receitas municipais. O apoio municipal às associações só se alterou com a publicação da lei das finanças locais.

Parece-me de registar que a nossa Câmara foi a primeira a aprovar um regulamento de condecorações para bombeiros voluntários. Tal aconteceu em 1927. 

Em 1984 foi criado o Secretariado dos Bombeiros de Sintra que, em representação das Associações, começou a ser o seu interlocutor junto da Câmara Municipal. A partir deste ano as Associações passaram a ter conhecimento do montante financeiro com que seriam contempladas no ano imediato. Nos mandatos seguintes as normas foram aperfeiçoadas, as dotações foram divididas em despesas correntes e de capital e aumentadas de ano para ano. Actualmente o montante transferido para as Associações é significativo, mas não permite que as direcções deixem de enfrentar dificuldades financeiras. 

A criação do Secretariado em 1984 foi, vinte e cinco anos depois, em 2009 portanto, recordado através da realização de uma sessão solene e emissão de uma medalha comemorativa.


Senhor Presidente da República

Minhas Senhoras e Meus Senhores


Muito, mas muito mais se poderia historiar sobre os bombeiros do concelho de Sintra. Não é o momento para o fazer.

Não deixo de reiterar, em nome dos sócios, bombeiros e bombeiras desta Associação, quanto nos foi gratificante receber nas nossas instalações o Senhor Presidente da República, Prof. Dr. Marcelo Rebelo de Sousa.


Sintra, 26 de Junho de 2016.


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