Intervenção do Presidente do Conselho de Administração Executivo da REVIVER MAIS na homenagem à memória de Guilherme Gomes Fernandes | Porto, 17 de Setembro de 2016


A REVIVER MAIS presta, hoje e aqui, homenagem à memória de Guilherme Gomes Fernandes, vulto da nossa Nobre Causa, considerado como sendo o "Expoente Máximo do Bombeiro Português".

Fazemo-lo, convictamente, suportados nos princípios e valores que defendemos e proclamamos enquanto reserva moral dos Bombeiros Portugueses.

Fazemo-lo, também, em nome da preservação da memória colectiva, junto do monumento onde repousam as ossadas de Guilherme Gomes Fernandes, conscientes de que é importante e necessário promover e fomentar o culto dos nossos mestres. Não com carácter saudosista, mas numa atitude eminentemente moral e cívica, responsável, tendente à preservação das nossas raízes e da identidade da Instituição-Bombeiros em Portugal.

Não é possível evocar a figura de Guilherme Gomes Fernandes sem lembrar o feito que o projectou para sempre: a vitória dos Bombeiros Portugueses no Concurso Internacional de Bombeiros, em 18 de Agosto de 1900, na cidade de Vincennes, perto de Paris.

Daí que a REVIVER MAIS tivesse denominado esta cerimónia de homenagem como "Revivendo o Antigo Dia do Bombeiro", não esquecendo que durante muitos anos o dia 18 de Agosto foi consagrado, no nosso país, ao Bombeiro, lembrando-se o triunfo alcançado naquela competição internacional, onde Guilherme Gomes Fernandes e os seus homens atingiram, em condições verdadeiramente surpreendentes, o honroso primeiro lugar.

Guilherme Gomes Fernandes foi um Bombeiro de corpo inteiro. Falar da sua vida e obra é algo muito complexo e fastidioso, dada a vastidão de relevantes factos, o que não se ajusta ao momento. Contudo, não podemos deixar de frisar que a sua acção foi determinante, nos finais do século XIX, para a progressão do Serviço de Incêndios em Portugal, conseguindo, fruto da sua dedicação e competência, situá-lo à dimensão dos países mais evoluídos.

Estudioso e empreendedor, assim fez nos Bombeiros Voluntários do Porto, no Corpo de Salvação Pública do Porto, actual Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, e em diferentes Companhias - como então era vulgar designarem-se as estruturas dos Corpos de Bombeiros - concorrendo, com invulgar saber, para a instrução e aperfeiçoamento técnico, tanto ao nível humano como do próprio material utilizado no desempenho do socorro.

Muitas e boas razões justificam o preito da nossa homenagem a tão grande vulto da gloriosa História dos Bombeiros Portugueses, recordando, também, que pugnou pela organização da fundação da Liga Fraternal de Bombeiros, infelizmente nunca concretizada, cujo projecto visava, objectivamente, a representação da classe, mas também e, sobretudo, a protecção social dos bombeiros e das suas famílias. Guilherme Gomes Fernandes não foi só o Bombeiro, o Técnico, o Instrutor, soube igualmente ser um Comandante e um Inspector sensível aos problemas sociais dos seus bombeiros e dos respectivos agregados familiares.

Muitas razões e afinidades nos ligam a tão nobre figura. Faz sentido, portanto, esta nossa homenagem, hoje e aqui, no Porto, a cidade que o acolheu, onde se notabilizou e protegeu com galhardia, a cidade de onde soube ser exemplo para os muitos que, sob o seu impulso, cimentaram a singularidade do Associativismo e do Voluntariado dos Bombeiros Portugueses.

Estamos gratos a todos quantos entenderam, de qualquer modo, associar-se e apoiar esta iniciativa da REVIVER MAIS, nomeadamente, o Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto, infelizmente ausente por motivos de ordem operacional, dada a exigência da sua presença em vários eventos que estão a decorrer na cidade Invicta; à Real Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Porto, da qual Guilherme Gomes Fernandes foi fundador; à Federação de Bombeiros do Distrito do Porto; e à Associação dos Bombeiros do Quadro de Honra de Vila Nova de Gaia, também como nós, REVIVER MAIS, imbuída do espírito solidário, empenhada em dar protecção, com humanidade, aos Bombeiros do Quadro de Honra, Bombeiros de Ontem e de Sempre.

Agradecemos, nesta oportunidade, a presença do Sr. Comandante José Campos, na qualidade de representante do Sr. Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses, digno Conselheiro Superior Consultivo daquela Confederação. A sua presença, Sr. Comandante, nesta cerimónia, muito nos honra, porquanto simboliza os milhares de Homens e Mulheres, corajosos e abnegados, que mais uma vez, perante a recente calamidade dos incêndios florestais, deram plena demonstração do valor e mérito dos Bombeiros Portugueses. Homens e Mulheres que, certamente, muito orgulhariam Guilherme Gomes Fernandes. 

E porque uma vez destaco a presença da Liga dos Bombeiros Portugueses, permitam-me que termine citando aquele que não só foi o biógrafo como, porventura, até hoje, o maior divulgador da figura de Guilherme Gomes Fernandes - o saudoso Comandante Álvaro Valente, dos Bombeiros Voluntários do Montijo, um dos magníficos que pugnou pela fundação da Liga dos Bombeiros Portugueses - que a respeito no nosso homenageado disse, um dia:

"Nunca é demais, portanto, ressaltar todos os pormenores que com Ele se relacionem, todos os factos que façam recordar o seu nome e o seu passado glorioso. 

Não obstante tantas propostas para que se tornem bem conhecidos os seus feitos de honra, e de prestígio para Portugal e para os seus bombeiros, ainda pouco ou nada se cumpriu nesse sentido. 

Nós nunca desistiremos deste desejo, e continuaremos pugnando em todos os campos por essa realização."

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