EM TODAS AS ÁREAS DA NOSSA VIDA ASSOCIATIVA"
Este ano, a REVIVER MAIS vai a votos.
Luís Miguel Baptista, Presidente do Conselho de Administração Executivo, anunciou recentemente a sua disponibilidade para novo mandato.
A equipa que gere o site da Associação entrevistou o responsável e candidato, que à mesma balanceou a actividade exercida e apresentou os propósitos eleitorais para o quadriénio de 2026-2029.

Na recta final de mais um mandato, qual é o balanço que faz da acção que vem sendo desenvolvida?


A propósito de projectos, como está a correr a parceria firmada com a União das Misericórdias Portuguesas, no que se refere ao Plano de Saúde para bombeiros, dirigentes e familiares?
O balanço é interessante. E digo-o deste modo, precisamente, por razões de exigência. Há objectivos que foram impossíveis atingir até agora, sobretudo, devido aos efeitos de uma conjuntura que não se tem revelado de todo favorável.
Quer precisar?
A REVIVER MAIS tem necessidade de maior afirmação. E isso depende de um novo enquadramento do seu desígnio social. Ou seja, a Associação precisa de consolidar os projectos em curso e de abraçar novos e mais atraentes desafios. Refiro-me, concretamente, a realidades que configurem uma resposta útil e válida às carências sociais identificadas no seio da população mais idosa dos Bombeiros. Especificando: firmar uma parceria sólida na área dos cuidados individualizados e personalizados a pessoas idosas ou dependentes e, paralelamente, potenciar uma rede nacional de apoio domiciliário, considerando que as pessoas estão cada vez menos dispostas a abandonar as suas casas e têm direito a uma vida digna, devidamente assistida, com qualidade.
E a Casa do Bombeiro?
A Casa do Bombeiro foi um projecto com mérito mas que teve o seu tempo. Neste momento, está posto de parte, porquanto não é viável centralizar, num só equipamento, cuidados à terceira idade, quando a nossa base social ou destinatários emanam de várias realidades locais. Não podemos esquecer que os Bombeiros têm expressão nacional e deslocalizar as pessoas dos seus meios sociais de sempre não só seria errático como poderia ser traumático. O que nós perfilhamos é um projecto alternativo, abrangente e complementar à componente da assistência social, porventura, um centro de ocupação de tempos livres, tipo clube de recreio ou de férias, com várias valências, destinado a bombeiros de todas as idades e pertencentes a qualquer um dos quadros da orgânica operacional, sem esquecer, obviamente, os seus familiares.
(...) a Associação precisa de consolidar os projectos em curso e de abraçar novos e mais atraentes desafios. Refiro-me, concretamente, a realidades que configurem uma resposta útil e válida às carências sociais identificadas no seio da população mais idosa dos Bombeiros.
A Casa do Bombeiro foi um projecto com mérito mas que teve o seu tempo.
A REVIVER MAIS tem já previsto como viabilizar os projectos elencados?
Qualquer um deles tem de obedecer a rigorosos estudos e a forma de os concretizar só poderá verificar-se através de parcerias e do recurso a fundos europeus. Aliás, a recente alteração aos estatutos da Associação procurou, entre outros aspectos, alargar o âmbito da sua actividade e, assim, criar forma de a REVIVER MAIS estar apta à candidatura a certos programas de apoio, sobre o que o actual Conselho de Administração Executivo tem vindo a diligenciar junto de entidades com intervenção nesse domínio, na tentativa de obter condições. Por outro lado, defendemos que um projecto dessa dimensão tem todo o cabimento ser desenvolvido em conjugação de esforços com um ou mais municípios da mesma área, onde possa ser instalada e declarada, por exemplo, a "Cidade Hospitaleira dos Bombeiros de Portugal". Aliás, já temos câmaras desafiadas para o efeito. Com a instalação dos novos órgãos autárquicos, em razão das recentes eleições, vamos retomar os contactos oportunamente encetados.
Falou em câmaras municipais. De resto, foi a de Lisboa que cedeu o espaço onde está hoje sediada a REVIVER MAIS.
Efectivamente. A Câmara Municipal de Lisboa, muito sensível, cedeu as instalações onde a Associação tem a funcionar o seu "quartel-general", na Alta de Lisboa. E isso só possível graças ao apoio que recebemos do então Vereador com o pelouro da Protecção Civil e Bombeiros, Carlos Manuel Castro, que se empenhou de modo a concretizarmos um objetivo que vínhamos perseguindo desde 2015. Aliás, há poucos dias, foi renovado o protocolo de cedência do imóvel. Congratulamo-nos com este facto, que consubstancia o reconhecimento do município de Lisboa quanto à nossa existência e, ao mesmo tempo, a salvaguarda da nossa autonomia funcional.
Os dois Encontros dos Bombeiros do Quadro de Honra organizados pela REVIVER MAIS, em 2023 e também este ano, estão na memória de muitos. São para continuar?
São para continuar e engrandecer. Constatou-se, a nível geral, e apesar do valor que todas as instâncias lhes atribuem, que os Bombeiros do Quadro de Honra estavam remetidos para segundo plano, o que sempre se considerou inadmissível e absolutamente injusto. Por isso, e a expensas da REVIVER MAIS, é bom que se diga, além de alguns modestos apoios de terceiros, decidimos da organização dos dois eventos realizados até ao momento, cada um deles com mais de 600 participantes, de todas as regiões do país, o que nos deixou muitíssimo agradados.
A REVIVER MAIS, em 2027, perfaz 25 anos, o que é sinónimo de um espaço institucional respeitado, com objecto social e cívico muito especifico, reconhecido legalmente, e que não encontra paralelo no sector.
(...) enquadramento e valorização das relações estabelecidas com os Bombeiros do Quadro de Honra e da sistematização de direitos de natureza eminentemente social que deverão ser reconhecidos aos mesmos.

Não lhe parece que outras entidades também o deveriam fazer ou associar-se à REVIVER MAIS?
Cada um sabe de si e é livre de agir, consoante a intensidade das suas convicções e a sua representatividade. A REVIVER MAIS, em 2027, perfaz 25 anos, o que é sinónimo de um espaço institucional respeitado, com objecto social e cívico muito especifico, reconhecido legalmente, e que não encontra paralelo no sector. Este seu perfil garante-nos plena legitimidade para intervirmos, projectando as potencialidades da Causa dos Bombeiros, sempre sob a lógica da solidariedade, porque é esse o nosso propósito, absoluto e exclusivo, e assim, ainda, estabelecendo o encontro entre todos aqueles que configuram a verdadeira reserva moral dos bombeiros portugueses.
O Quadro de Honra representa, portanto, o vosso público-alvo preferencial?
Não só, mas sobretudo. Daí que, também, tenhamos tomado a iniciativa de elaborar a Carta dos Bombeiros do Quadro de Honra, documento de carácter orientador e doutrinário dirigido às Associações e Corpos de Bombeiros, a fim do enquadramento e valorização das relações estabelecidas com os Bombeiros do Quadro de Honra e da sistematização de direitos de natureza eminentemente social que deverão ser reconhecidos aos mesmos. Esta carta já foi divulgada a nível nacional, mas carece de intensificação, o que está reservado para o âmbito de outras acções que tencionamos desenvolver.
Sobre o futuro, e no que concerne à lista de candidatos para o quadriénio de 2026-2029, vão existir alterações?
Há alterações, inevitáveis. Na última revisão estatutária, foi entendimento da Assembleia Geral, por proposta do Conselho de Administração Executivo, aprovar a redução dos elencos de cada um dos Órgãos Sociais, pois entendeu-se que havia uma certa redundância nas respectivas composições. Com efeito, o futuro elenco de dirigentes terá de sofrer ajustamentos, naturalmente, observando critérios. Desejo e creio que será um processo pacífico, pois todos nós devemos ter consciência de que estamos de passagem e não existem lugares cativos. Permita-me ainda que acrescente, e no âmbito do que os estatutos permitem, constituiremos, caso sejamos eleitos, uma Comissão Consultiva, para trabalhar, com regulamentação e coordenação próprias, a fim de apoiar o órgão executivo, nomeadamente, no plano dos novos projectos. Mas volto a afirmar, é uma comissão para trabalhar, caso contrário não fará qualquer sentido a sua nomeação.
Infelizmente, o Estado mantém-se alheado em relação aos problemas latentes. Da parte das instituições investidas de responsabilidades representativas, vai subsistindo um certo ruído, por vezes, com uma certa falta de coerência e até com uma certa falta de substância, factos que, a meu ver, não credibilizam a voz da razão das organizações visadas.
(...) aproveitamos mais esta oportunidade para apelar aos sócios: sejam proponentes de muitos outros. Temos que revigorar a nossa base social.

A propósito de projectos, como está a correr a parceria firmada com a União das Misericórdias Portuguesas, no que se refere ao Plano de Saúde para bombeiros, dirigentes e familiares?
Não obstante a divulgação que temos vindo a fazer, e talvez porque a oferta de produtos nesse domínio é bastante variada no país, basta estarmos atentos às promoções nos canais de televisão, parece-nos que os potenciais destinatários ainda não se aperceberam, em suficiência, da mais-valia do Plano de Saúde que temos à disposição de todos. Por apenas 9,70 euros por mês, os beneficiários poderão ter acesso a uma grande panóplia de cuidados de saúde da rede AdvanceCare e das próprias Misericórdias, em todo o território nacional, mediante descontos muito vantajosos e que satisfazem a relação preço-qualidade. Desafio, portanto, quem nos lê a informar-se junto da REVIVER MAIS, porque é uma iniciativa pensada para os bombeiros em especial, e muito benéfica. É, sublinho, um benefício social que o sector dos Bombeiros pode e deve aproveitar, perante os depauperados apoios e reconhecimentos que cada um recebe, na sequência do cumprimento, responsável, da sua nobre missão.
Afirmou "depauperados apoios e reconhecimentos". Porque a Associação a que preside é parte integrante do sector dos Bombeiros, como vê a actualidade?
O facto de a REVIVER MAIS estar vocacionada, sobremaneira, para os bombeiros que se encontram, digamos assim, posicionados na retaguarda, não significa que estejamos inibidos da nossa opinião crítica, até porque alguns de nós, sócios e dirigentes, nos mantemos em actividade na gestão de Associações e no comandamento de Corpos de Bombeiros. Pois bem, os Bombeiros em Portugal têm vindo a sofrer uma transformação inerente à própria mutação da sociedade, o que é natural e compreensível. O modelo dito tradicional está, na prática, cada vez mais esbatido e, portanto, a perspectiva futura tem de conhecer uma clarificação, nomeadamente, no que compete ao Estado. Mas, é bom referir que, historicamente, o Estado nunca teve capacidade para suportar e manter Corpos de Bombeiros. Em razão disso, considero imperativo robustecer financeiramente as entidades da sociedade civil que detêm Corpos de Bombeiros, refiro-me às Associações Humanitárias de Bombeiros. Mais considero que sem a existência destas, que deverão conhecer, também, um novo regime estrutural e estruturante, não há sistema de protecção e socorro em Portugal.
Infelizmente, o Estado mantém-se alheado em relação aos problemas latentes. Da parte das instituições investidas de responsabilidades representativas, vai subsistindo um certo ruído, por vezes, com uma certa falta de coerência e até com uma certa falta de substância, factos que, a meu ver, não credibilizam a voz da razão das organizações visadas. Logo, não admira que os próprios bombeiros já se manifestem, por sua conta e risco, porque a saturação é grande. Em suma: por um lado, temos um Estado autista e, por outro, temos vozes cujas propostas de eventual solução não convencem esse mesmo Estado. Por conseguinte, a encruzilhada é grande e, sinceramente, não se me vislumbram melhorias, a curto prazo, porque também é preciso mudar de pensamento e de actores do dirigismo.
Uma última palavra. Que lhe oferece dizer aos sócios da REVIVER MAIS e demais destinatários da Associação?
Em primeiro lugar, gostaria de agradecer a todos aqueles que, ao longo dos tempos, têm sabido acompanhar e apoiar a REVIVER MAIS, quer na qualidade de sócios, quer no exercício de funções directivas.
A nossa Associação não dispensa o envolvimento dos sócios, pois que o seu contributo torna-se decisivo em muitas valências, designadamente, no plano económico-financeiro. E, nesta perspectiva, aproveitamos mais esta oportunidade para apelar aos sócios: sejam proponentes de muitos outros. Temos que revigorar a nossa base social. É importantíssimo ter noção dessa necessidade. Só a acção do Conselho de Administração Executivo não é suficiente.
Importa que todos sejamos co-responsáveis, em todas as áreas da nossa vida associativa. Somente nesta base, da participação activa, teremos todos legitimidade plena para questionarmos o que quer que seja. Não nos podemos ficar pelas palavras de retórica, é preciso marcar presença, é preciso estar, é preciso sentir e viver.
A REVIVER MAIS tem futuro e é esse futuro que vai continuar a ser construído, na máxima fecundidade, assim quero acreditar, com todos os disponíveis, por todos os bombeiros - "com e sem farda" - de Portugal.

